quarta-feira, 19 de agosto de 2009

tu...

Aí Tay, dedicado a ti!

Tu...

Acontece que nada mais de normal nesta vida navega; é levado leve nos lábios da sanidade, que anda correndo às pressas, por característica confusão que cada cadente momento de insanidade causa. Os pecados perdoados ou punidos pouco parecem aparecer, já que o êxtase que exala daquelas atitudes emocionaria Deus em pessoa; faria que o Diabo rezasse o Credo, que Cupido cortasse suas flechas com um cutelo, que o monte Olimpo ou o Limbo, que os Céus ou os Infernos, seja quem fosse, ajoelhasse!
Diz-se por aí que a maior beleza está na inocência; pois, pobre inocênciazinha, ajoelha-se! Pois contesto, grito em qualquer dos tribunais mais tribulantes, trovejantes e penedos deste mundo, desacato deuses, doutores, duques, mas tenho certeza absoluta de que a beleza mais sublime só se encontra em teu rosto, rubro assim, belíssima, riquíssima, amorosa senhorita. Tanto que se não se ajoelhassem todos diante o furor dos teus atos, ajoelhar-se-iam à tua beleza, garanto.
A primavera que se aproxima, cintilante celofane celeste cor de cetim, alva como alvejam as almas, pura como precisos passos pueris, a primavera não passa dum tapete vermelho no qual mereces pisar, senhorita. A primavera, pobre, não seria nada sem ti, sua mais bela flor, de flamejantes pétalas flavorizantes e voláteis flor... E que perfume tem esta mais bela flor! Tira-me todo o fôlego como se nunca tivesse havido outro ar em meus pulmões, senão teu perfume, perfumada pele.
Posso parecer padecer de patologias proféticas diante vossos olhos, mas sou somente semelhante a um ser sem sensatez, mas satisfeito de sentimentos certos. Sem medo de sonhar – o mais importante – sou.
Também posso parecer praticamente perdido em meus próprios pensamentos. Pois perceba que perceberas certo. Perdido estou nesta paliçada que não posso cruzar em minha cabeça, neste fiar de fios finos como facas afiadas, neste fiar de fios finos como bigodes de felinos, neste fiar... Infinito.
Só que tu inspiras-me a viver como nunca nada me inspirou.
Tu.
Todas as palavras deste mundo, todas tivessem a mesma força que este “tu” tem! Todas as palavras tivessem essa força, ainda passariam longe, passariam longe do poder sublime do palpitar de teu peito!
E te imploro. Sejas piedosa. Mesmo que fosse o melhor dos poetas, o melhor dos escritores, o melhor dos pintores, dos escultores, dos fotógrafos, dos músicos – fosse eu quem fosse – nada, mas nada, e quando digo nada, quero dizer mesmo nada, chega próximo de capturar o timbrar da tua voz, ou o brilhar de teus olhos, ou a alvura de tua pele, ou o sabor de teus lábios; nada! Por isso me esforço!
Esforço-me, pois nada até hoje que me houve se compara a ti.
Nada, e quando digo nada, quero dizer mesmo nada; nada houve que se compare a ti até hoje, justificado assim meu júbilo aparentemente súbito e exagerado.
De repente não há nada mais que viver além de ti, mais bela flor.
E há mais!
Esforço-me para não enlouquecer de vez diante este amor...


Augusto Môro