quarta-feira, 2 de setembro de 2009

a chegada de ayenet

#2. O advento de Ayenet - Carta de Seraf a sua bela

Ventava veloz o vento naquela noite. Voava em viés pelo véu azul do céu, já escuro, soprando sorrateiro, gelado ia voando. E esse vento, tocando as tuas belas faces alvas e vibrantes, Ayenet, fez-te corada como um bloush carmim. Teus cabelos louros esvoaçavam também, mas não se desarrumavam; tua beleza, de se olhar é uma gentileza, diria eu... Ficas mais irresistível ainda, ao vento.
Suponho que soprava com tanta fúria o vento naquela noite, pois cobiçava ficar mais e mais grudado em teus traços. Mas deixemos de lado o tempo, que pouco nos importa, e deixe-me mais falar de teus olhos.
Inigualáveis! Mas em verdade, não sei se arrisco me pronunciar sobre eles... Verdes – não, acinzentados – ou pouco amarelados... Quem sabe levemente azuis... Vês? Já me afobei em dizeres, sem nem mesmo ter conseguido ainda bem compreendê-los. Isso que só tento compreender os olhos... Nem me aprofundei em teu olhar!
Quer dizer, não me aprofundei com os pensamentos, pois me atirei com todas as minhas forças pro mais fundo dele. Talvez tenhas tu olhares de Capitu. Mas não é nada dissimulado, ele, olhar, como o da outra. Mas admito me sentir puxado para eles... Oras! Vês como é confuso, bela Ayenet? Prefiro não me deixar cair nessa armadilha de filosofia infinita que travaria dentro de mim mesmo.
Gostaria de prolongar-me na importância de tua aparição. Talvez não saibas quanto uma única pessoa pode mudar numa vida. Talvez também não saibas quanto um olhar diz; um desafio apaixona; um sorriso acende centelhas de sentimentos tão fortes, tão fortes que assustam, mas são muito bons e satisfatórios.
Quando chegaste, meus olhos se arregalaram! Logo se agarraram em ti, como meus pensamentos. Insisto que ficas mais irresistível ainda, ao vento.
Preto te cai muito bem, assim como azul e rosa também. Usavas preto, que me lembro. Como poderia me esquecer, em verdade! És tão bela, tão bela! Enfim, usavas preto, como aquele céu de noite de inverno e, bem, mesmo havendo milhares de estrelas, todas elas juntas não brilhavam mais que teu sorriso. A Lua, que se bem me lembro ainda era crescente, pobre, quase não chegou a ser cheia.
Sabe, se continuar eu falando sobre ti, suponho ser infinito. Acho melhor, então, te dizer uma coisa importante, que realmente me aperta o coração, ou melhor, o aquece.
Quero que tenhas toda a ciência do quão bem você me faz. Jure-me que tu te lembrarás disso, seja como forem as coisas, Ayenet.

Augusto Môro

4 comentários:

  1. cara, que lindo!
    mesmo, mesmo *------------*

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  2. uau.. essa Ayenet deve ser mesmo linda! rs.
    texto magnifico, como sempre!

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  3. Feeeera, vc é muito bom nisso!
    claro que teve uma grande inspiração tbm, né. haha
    enfim, gostei muito do texto (:

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