terça-feira, 15 de setembro de 2009

pegue seus biscoitos

meus bons amigos, reparemm, por favor, que este aqui é o primeiro "capítulo" da história de Ayenet e Seraf. Assim, para melhor compreensão, explico: Leia este, e em seguida leia o texto abaixo (#2. O advento de Ayenet - Carta de Seraf a sua bela).
Alguma dúvida sobre a cronologia?

#1. Pegue seus biscoitos – e diga um sonoro olá!

Gostaria de me apresentar a você leitor. Chamo-me Seraf; meu sobrenome não fará diferença. Tem aí alguns biscoitos? Quem sabe um belo bolo de aniversário? Um mousse? Ora vamos, muna-se logo de alguns doces e os vá aproveitando enquanto lê. É uma sugestão, somente, porém.
Por que lhe escrevo estas linhas é bastante simples: esta vida, diria, faz pouquíssimo de bom para todos nós. Totalmente cansamo-nos trabalhando, e ao chegarmos a nossa casa temos todos os problemas familiares, todos os empecilhos milhares que nos assolam e não nos deixam alimentarmos nem dormirmos bem.
Oh, mas não pense que lhe escrevo como mais um qualquer, que somente quer vomitar as porcarias da vida numa mesa limpa, emporcalhando pratos limpos, sujando um papel virgem de escárnio e infortúnio.
Venho no sentido contrário: para garantir que nenhum de nós desista! Pois lhe garanto que se a vida nos faz mal quase que constantemente, ao fazer o bem, virá ele – o bem – de todo. Virá como uma onda, arrastando-nos para o mais fundo do mar da felicidade. A alegria nos afogará, inundará nosso acordar e nossos dias todos. Uma sensação inigualável.
Acontece que tinha eu uma vida normal... Chata, conturbada. E logo o senhor leitor já imaginava que lá ia eu a discutir as estafas da minha velha vida. Mas não, senhor, por favor, não pense isso de mim! Dê mais um belo bocado em seu doce; Ótimo. Já lhe disse que me encontro em sentido contrário! Tomo em mãos a pena e o papel para lhes berrar, urrar, gravar a fogo a esperança de que esta vida é boa!
Mas tinha mesmo eu uma vida normal. Pouquíssimo dela aproveitava. Os amores me afundavam, os estudos me cansavam, os trabalhos me esgotavam de vez. Então houve o dia que me aconteceu o bem maior deste mundo.
Era uma noite do começo de agosto. O inverno ventava gelado em meus ossos. Mas o que aconteceu acendeu uma centelha em meu interior; o fez tão fortemente, que se tornou um verão tropical, todo meu agosto.
Se me deixa filosofar um pouco mais, leitor, assedia-me à cabeça uma idéia. Vem louca dizendo que talvez nem vivesse eu antes daquela noite. Mas imagino isso ser só mais um desses clichês de amor, que li em algum Romântico, clichê que resolveu espelhar-se em minha situação para tomar forma sólida. Digo, então, que vivia sim, vivia... Mas muito mal.
Não mal como um porco, ou um sem-teto. Tinha eu casa, comida, esses básicos. Mas acontece na vida, de todos nós, suponho, uma porcaria sem tamanho, que é o esquecimento da importância desses valores pequenos, inocentes, mas que deveriam trazer muita satisfação. Como ganhar um bolinho, todo recoberto por confeitos; receber o sorriso de um neném, por mais que não haja um só dente naquela boquinha; assistir ao pôr-do-sol, ciente de que nenhum dos que o senhor viu ou verá serão iguais a este. Ao sermos crianças esses acontecimentos nos renderiam algumas páginas de um diário. Já crescendo um pouco, o bolinho seria comido num só bocado, enquanto organizávamos o itinerário de nosso dia. Pobre humanidade! Ambiciona uma rapidez que somente a destrói!
Mas retomando, pois me perdi em digressões; também eu esqueci dos pequenos valores. E o senhor leitor, se não esqueceu, esquecerá – desculpe-me a frieza com que lhe dou esta notícia... Se engasgou com o doce, tome, por favor, um pouco de refresco ou água. Muito bem, continuemos, então; dessa forma, por mais que me encontrasse em plena saúde e rodeado de amigos, não vivia feliz! Faltava-me um pedaço. O pôr-do-sol me era preto e branco.
Agora tem um dia chuvoso milhares de cores! Um dia ensolarado se transforma num caleidoscópio de tons e movimentos! O vento se estufa nas árvores, o seu soprar, o ramalhar, são sons belíssimos! Um pássaro não canta mais no mesmo tom do outro, sendo todas as canções sinfonias compostas com todo o esmero possível!
Uma benção, que se houve sobre minha vida, haverá também sobre a sua.
Oras mas quase me esqueci!
O que houve naquela noite de agosto? Pois bem, para contar-lhe, mostro uma carta que fiz, endereçada ao belo amor que me acendeu naquele agosto. Empreste-me seus olhos mais um pouco, amigo. Se for o caso, pegue mais biscoitos!


Augusto Môro
- comemorando um mês junto da minha bela Tay! *-*

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