quarta-feira, 16 de setembro de 2009

à beira do riacho

#3. À Beira do Riacho – Seraf sorrindo e sem fôlego nos conta!

Ficaram as coisas mais claras agora, leitor? Espero que sim. E bem, devo dizer-lhe que a resposta àquela carta foi imediata; assim como o amor entre nós dois foi rápido em montar seus alicerces de reciprocidade. Pelos deuses, e como foi rápido. Mas em verdade isso é algo ótimo.
Gostaria agora de relatar-lhe a experiência de um belíssimo dia que houve. Já nos relacionávamos há algum tempo, não sei dizer-lhe há exatamente quanto, desculpe-me; isso acontece porque pareço conhecer Ayenet desde o dia em que nasci – e nascemos apaixonados um pelo outro. De qualquer forma, um dia único, a data não fará muita diferença, suponho.
Sentados sossegávamos na suave relva, Ayenet molhava, no marejar morno d’um riachinho, seus sedosos e belos pezinhos, branquinhos, na pouca correnteza que havia, afinal, até as águas se emocionavam com a belezinha deles! Ali nos olhávamos. Torna-se cintilante ao sol, a senhorita, sabe-se lá como, somente sei que se parece mais brilhante. O sol, pois queria tocá-la, parecia arder com mais ansiedade; mas as belas nuvens, fofinhas, flutuantes, fluídas, abrandaram de forma magistral os anseios do astro maior, e não houve dano à pele meiga e bem cuidada de Ayenet. Vestia ela azul claro, bastante clarinho, uma roupa de verão, que completavam minha plena satisfação. Fica tão bem de azul-claro, a minha bela!
Ali, deitado ao colo daquela que deu cores quíntuplas a minha vida cinza chata, resolvi me arriscar:
“É mesmo amor que há entre nós, bela?” Perguntei-lha, com o coração a sair-me pela boca, um medo mórbido de uma negativa resposta, mas as pupilas dilatadas de esperança.
“Acho que sim!” Ela me respondeu, e sorrindo como se tivesse encontrado diamantes em meus olhos completou: “Há algum por quê de não sê-lo, anjo?”
Admito que neste momento sorria eu como se todo o mundo a minha volta fosse feito de diamantes. Minha alegria e gosto pela vida eram tantos que até me ruborizaram as faces, e eu fiquei sem palavras. Por longos segundos nos olhamos, em silêncio, explodindo de alegria, como se algo mais profundo que nossas almas se conversassem. O beijo que ocorreu, logo após o término desse diálogo sem palavras, teve gosto de baunilha. Sou apaixonado por baunilha! Em verdade não sei se os lábios de Ayenet têm aquele gosto de baunilha, ou se foi um erro de processos em minha mente, que se atordoa inteiramente ao lado dela.
Admiti também naquele riacho o quanto ela me fazia bem, o quanto a adorava, o quanto eu a agradecia por ter entrado em minha vida e não ter saído. Também o quanto eu gostaria que ela não saísse, mas sim que ficasse. Ayenet ouvia a todas as minhas palavras atenta, com o rosto em brasa... Belíssima – um desmaio de bela – quando fica sem jeito!
Talvez agora o senhor possa estar pensando: “Ah, mas este riacho certamente lhes demonstra que as palavras somente foram embora, levadas pelo vento, pela água, pelo movimento da vida!” Perspicaz, no entanto, incorreto!
Aquele riacho só pôde demonstrar – aliás – não somente o riacho, mas toda aquela paisagem, o sol, as nuvens, a grama, o canto dos pássaros; essas composições todas somente nos mostraram uma coisa, quando todas elas se juntaram ali para nós, quando ali se juntaram em quebra-cabeças, quando ali se juntaram numa química perfeita, numa gravura sem imperfeições, se juntaram e mesmo assim resolveram ofuscar-se por detrás, sendo somente um cenário...
O riacho corria devagar em honra aos pés de Ayenet, e corria baixinho, para não atrapalhar nem um verbo de nossa conversa. Os pássaros imitavam essa manobra do riacho, cantavam com amor, mas não para serem ouvidos. O sol, por mais que ardesse, abrandava-se nas nuvens, e de forma até gentil. As nuvens só ofuscavam o sol, perderam suas formas, até seu branco deixaram de lado. A grama confortava-nos como um veludo, parecia cortada à mão, uma por uma, por um jardineiro muitíssimo experiente, mas sequer saiu ela debaixo de nós.
Insisto, todas essas coisas, forte como só elas são, ali se juntaram e se ofuscaram, ali se esforçaram para aparecer por detrás, quietas, aparentemente envergonhadas até, mas ainda belas... Isso só pode significar uma coisa!
Até os planetas movem-se mais devagar diante um verdadeiro amor!


Augusto Môro

3 comentários:

  1. OMG!morri! *-----------------*
    que lindo! s2

    ResponderExcluir
  2. até o rubinho volta a ganhar diante de um verdadeiro amor! haha.
    brincadeira a paaarte.. amei amei amei o texto, pra variar!
    que amor lindo *--*

    ResponderExcluir
  3. que coisa mais bunita de se ver (o amor de vocês) *-*

    ResponderExcluir